Todas as noites ela adormece revendo na sua mente memórias de outrora. Memórias de dias cada vez mais longínquos. Ela coleciona memórias. Memórias de sorrisos, conversas, abraços dados, carinhos trocados, noites longas e oportunidades perdidas. São horas constantes perdidas em memórias, são muitas vezes noites em claro. Por muito consciente que ela seja, ele não sai do seu inconsciente.
Cada vez que os dois se encontram, o seu coração grava cada novo momento que ocorre, coleciona mais um abraço apertado que aperta ainda mais o seu coração. Ela coleciona memórias, memórias de uma paixão.
Parecia um daqueles momentos, como quando era pequena e via desenhos animados, em que ouvia que quanto mais pensasse e desejasse algo com muita força, o que queria se concretizava. Naquele momento ela pensava nele e desejou muito vê-lo, e ele apareceu, mesmo ali à sua frente. Coincidência ou destino?
Fosse como fosse, ela agarrou aquela oportunidade, e ali nasceu entre eles o primeiro abraço.
Hoje ela ainda pensa muito e deseja com muita força, com a esperança que volte a acontecer uma coincidência ou que o destino os una mais uma e outra vez.
Um dia ela sonhara em reencontra-lo. Um dia esse dia chegaria finalmente, e chegou.
O encontro não fora elaborado nem tão pouco propositado, era um encontro de vários amigos, talvez gente a mais. No meio da multidão um abraço mereceu o seu destaque, talvez por ser prolongado, ou talvez por ser acompanhado com as seguintes palavras ao ouvido: tive saudades tuas. Ela sentiu as pernas a tremer, só queria que aquele abraço durasse o encontro todo, mas isso estava fora de questão, havia mais amigos a cumprimentar. A noite proporcionou vários abraços intensos, quase sempre com a mesma pessoa. Por sua pena nunca chegaram a estar um momento sozinhos. Aquele encontro ficara por ali.
Na manhã seguinte, ela ainda sentia o seu cheiro no seu casaco.
Desde que ela percebera que tinha o seu coração ocupado, que mantinha isso em segredo só para si. Guardava para si os pensamentos. Não comentaram com ninguém o que verdadeiramente sentia, por ele. O segredo consumi-a e apenas o seu olhar a denunciava. O olhar meigo e brilhante com que olhava para ele enquanto ele falava, ou sorria ou até quando ele não estava a fazer nada. Afinal talvez não fosse segredo para ninguém. Talvez só faltasse ele saber. Talvez só faltasse ele olhá-la nos olhos.
Ela crescera igual a tantas meninas, acreditava nos castelos, nos príncipes e nos felizes para sempre. Acreditava portanto no amor. Procurava o seu final feliz, o seu e o de alguém. Por fração de momentos considerou ter encontrado um sapinho. Para ele se tornar um príncipe só faltava um beijo apaixonado, só faltava o momento prefeito, só faltava ele quer, pois ela já queria, e há muito.
Ela sonha em ser a princesa, a princesa do seu príncipe